A palavra ‘querida’ está para a garganta
Como o mel para a boca e a mulher para o olhar.
Quando um santo, no Céu, se dirige a uma santa
De face imaculada e expressão comovida,
É assim, pensa, que ele a deve chamar,
Oh querida!
‘Querida’ é um substantivo espiritual; é um nome.
É um fio emocional de um ouro cristalino,
Que se estende e que atrai um destino e um destino;
Que alinhava e que enleia uma vida e outra vida.
Não é somente um modo de tratar; é um nome,
Assim como Izabel, Marina, Margarida.
No entanto, é mais do que isso; é um nome divino,
Que em si define um sonho, um sentimento e um bem.
‘Querida’ não é só uma palavra; é alguém,
alguém que tem a vida em nossa própria vida.
‘Querida’ quer dizer: ‘Eu mesmo e mais alguém’, oh querida!
‘Querida’ é um adjetivo estranhamente feito
de carinho, ciúme, adoração, ternura.
Ninguém dirá ‘querida’ a uma mulher impura!
Pois parte da expressão fica em ecos no peito
Daquele que a usou; pois a expressão ‘querida’
Não é bem para ser falada, nem ouvida.
É para que uma alma a pense e outra a sinta.
Sempre será maldita uma mulher que minta
Em silêncio, atendendo a alguém que assim a chama,
Se não se ouviu chamar, antes que ele falasse,
Por um tic no peito e um carinho na face;
Se não é profundamente a querida que o ama!
Que cruel, que infiel essa mulher fingida
Que se deixa chamar por ‘querida’ e não ama,
Oh querida!
‘Querida’ quer dizer: ‘A que eu amo e estremeço’;
a que é a minha amante, a minha amiga e irmã!
Conheço-a mais que a mim e a tudo que conheço!
Por mais anos que passem, eu jamais a esqueço!
E com ela eu esqueço o Ontem e o Amanhã!’
A palavra ‘querida’ é a articulação
Do primeiro vagido instintivo e inconsciente.
É Deus na nossa boca e o Céu a nossa frente;
É ter mundos no olhar, ter estrelas na mão.
É ser um fio d’água e uma constelação;
É partilhar da grande Vida Universal;
É viver, mas viver! Como anjo e animal;
É concentrar o espaço e resumir a vida;
É trilhar confiante uma senda perdida;
É ser quase divino e ser quase brutal;
É ter uma utopia entre a sala e o quintal!
É prender-te, sentir-te integrada, diluída
Nos meus braços, em mim, infiltrada em meus poros,
Depois que eu derrubei os gigantes e os toros
Da floresta do mundo e a transpuz triunfante!
É te chamar ‘querida’ e ver teu semblante
Transtornado de luz, de uma luz comovida!
E chegares o ouvido ao meu peito anelante
E ouvir meu coração dizer de instante a instante;
Oh, querida!... Querida!
é maravilhosa!!! Entra em nosso amago e em nossas entranhas como o som de um violino como um fogo suave e vibrante ao mesmo tempo...
ResponderExcluir