domingo, 27 de julho de 2014

Breve romance de Chiquinho da Vaca (Aparício Silva Rillo)

Ouça a declamação de Luiz Otávio Ribas


Francisco da Silva Teixeira Brandão
Que nome formoso, que nome pomposo
Parece que nome de Conde ou Barão
Acontece que não

Francisco da Silva Teixeira Brandão
Foi nome de homem sem cruz nem brasão
Que em toda sua vida não teve branduras, embora Brandão

Foi menino, gadinho de osso em tropeadas de sonho
Cresceu, fez-se moço, tropeadas compridas em gados alheios
Viveu, ficou velho, os filhos tropeando e pra ele o galpão

E um dia sozinho tição já sem brasas
Num catre de tentos o velho morreu
Na estância mais rica do grande Rio Grande
Que apenas lhe deu sete palmos de chão

E hoje, se o lembram no acaso de um causo
Ninguém memoriza Francisco da Silva Teixeira Brandão
Apenas, por muito favor da memória
O apelido sem glória que o povo lhe deu
Chiquinho da Vaca, peão de fazenda
Um homem sem nome que a história esqueceu




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